A Forma Reversa da Percepção

Já se questionou sobre a veracidade da maneira como percebe a realidade? Não me refiro a distorções, mas a algo mais profundo e radical: e se a própria estrutura do tempo e da percepção fossem uma ilusão primordial? E se o “agora”, esse instante fugaz e efêmero que incessantemente buscamos apreender, fosse, na verdade, um reflexo — e não a origem — de algo que já ocorreu antes de se revelar aos nossos sentidos? Irei explicar!

O Mundo Ao Avesso

Imagine que, em vez de percebermos o que está acontecendo e depois entender, nós já estamos interpretando tudo de forma inversa, como uma grande teia de pensamentos que acontece no depois. O que você lê aqui, por exemplo, não está acontecendo agora, mas aconteceu antes de você perceber. Sua mente já processou essa ideia antes de você ter o tempo de raciocinar sobre ela. E então, você tenta encaixar as peças, criar sentido a partir do "agora" que te foi apresentado, quando na verdade ele já existia como um reflexo, um eco de algo que estava além do tempo.

O tempo que você acredita estar vivendo não é linear, muito menos cronológico. Ele é uma sequência retroativa — uma narrativa em que o agora é apenas uma projeção do que foi e do que será. Toda escolha, toda percepção que você tem, foi moldada e já foi decidida antes mesmo de você tomar a ação. No fundo, você não está fazendo escolhas, está apenas "lembrando" delas. O que acontece, então, é um jogo de memória onde o futuro e o passado se entrelaçam, uma dança de sensações que nos ilude e nos prende à falsa ideia de que o tempo existe de forma ordenada.

Se a sua percepção é sempre posterior ao ato, você nunca está realmente no controle. O que você sente não é "real" no momento em que você sente. É um reflexo, uma reconstrução do que já aconteceu em dimensões que a sua mente não consegue processar completamente. Então, o que resta? A ilusão da realidade, esse truque que nos mantém vivys e, ao mesmo tempo, nos impede de ver que estamos apenas navegando por um reflexo do que já existiu e do que virá.

E se, por um momento, você pudesse olhar para tudo isso de frente, sem se deixar enganar pela continuidade ilusória do tempo? Se ao invés de viver como se estivesse fazendo parte de uma história, você soubesse que tudo o que está acontecendo agora, já aconteceu e já se foi, e que o "futuro" nada mais é do que uma memória do que nunca aconteceu? O que você faria com esse conhecimento? Como viveria sabendo que sua existência está sempre um passo atrás do que você imagina ser a "realidade"?

A percepção reversa talvez seja a única verdadeira forma de liberdade. O momento em que você percebe que não existe, que nada é realmente "agora", que tudo é apenas uma memória em construção. No fim, somos todys intrusys em nossos próprios pensamentos, buscando entender o que nunca poderemos realmente tocar.